O Que os Especialistas Dizem Sobre Engravidar na Pandemia

Medo, insegurança, ansiedade. Essas palavras não deveriam combinar com quem planeja ter filhos ou está grávida. Mas, para quem teve ou terá filhos durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), iniciada em março de 2020, é plenamente normal que esse quadro psicológico se configure.

Especialistas do mundo inteiro estão lidando todos os dias com as dicotomias de um planeta pandêmico – de um lado o registro de novas vidas; de outro, os mais de 185 mil mortos em decorrência da Covid-19, apenas no Brasil (dados de 19/12/2020).

Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde incluiu as grávidas no grupo de risco para o novo coronavírus. O órgão esclareceu que essa análise se deveu às reações e doenças respiratórias de gestantes frente a doenças anteriores, como o H1N1 (gripe suína).

De acordo com o obstetra Agnaldo Viana, ginecologista e especialista em reprodução assistida, a gestante tem um status imunológico diminuído, o que é um mecanismo normal da gestação, por isso há um maior risco de contrair infecções.

Ausência nas consultas

No entanto, Franka Cadée, presidente da Confederação Internacional de Parteiras, faz questão de alertar que cada vez mais as grávidas estão deixando de ir às consultas de pré-natal, perdendo momentos importantes ao lado do médico, em decorrência da pandemia.

Ele diz que muitas gestantes estão fazendo adaptações, como as consultas online, para se adaptar ao momento e, de outro lado, os especialistas também têm levado em consideração as condições individuais das pacientes no que se refere a gestantes de alto risco x de menor risco.

E o que os órgãos de saúde preconizam no Brasil?

No Brasil, há uma série de orientações que estão sendo seguidas pelas unidades de saúde e pacientes. São elas:

  • Todas as gestantes assintomáticas ou sem síndrome gripal devem ter preservado o seu atendimento.
  • Não existem procedimentos especiais para mulheres gestantes sem risco epidemiológico.
  • As mulheres gestantes com síndrome gripal devem adiar as consultas em 14 dias. Em caso de necessidade, podem ser atendidas em local afastado dos demais pacientes.
  • As mulheres gestantes com síndrome gripal devem ser obrigatoriamente monitoradas pelas equipes de saúde de atenção primária, sendo viabilizado um canal de comunicação acessível e rápido, em caso de necessidade. Ainda deve ser divulgado o número 136 do Ministério da Saúde.
  • Orientam-se consultas domiciliares para gestantes, puérperas e recém-nascidos, ou o agendamento de consultas em um horário ou em local diferente.

Mas eu posso transmitir Covid-19 para meu bebê?

Não há evidências de que o vírus possa ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez. O coronavírus não foi encontrado no sangue do cordão, no fluido vagina, na placenta, no líquido amniótico e nem no leite materno. O leite materno, inclusive, se configurou como uma fonte de anticorpos contra a Covid-19.

Diante disso, frente a qualquer sintoma que a mãe venha a sentir, o ideal é procurar o médico e seguir as instruções que ele porventura prescrever.

Como lidar com a ansiedade em um momento como este

Algumas medidas podem ser tomadas para evitar que as futuras mamães transformem o parto em um momento de sofrimento. Drauzio Varella dá algumas dicas:

  • Tenha um plano de parto para que você fique mais segura (anote as principais informações com dados do hospital, do acompanhante e dados do seu estado geral).
  • Dias ou semanas antes do parto, faça exercícios de relaxamento. Alongue-se, faça movimentos respiratórios e converse diariamente com o obstetra e/ou com pessoas de sua confiança.
  • Tome as vacinas e eventuais suplementos recomendados. A vacina contra a gripe é muito importante, visto que a gripe pode causar sintomas semelhantes aos da Covid-19 e não se sabe como as duas viroses, causadas por vírus diferentes, podem interagir.
  • Não deixe de comparecer às consultas de pré-natal. Se tiver receio de se contaminar, converse com o médico e peça orientação.

As clínicas e maternidades são indicados para se dar à luz?

Para se manter calma, o ideal é que a gestante busque informações sobre quais precauções estão sendo tomadas na unidade de saúde de escolha para ter o bebê. É importante ter acesso aos protocolos clínicos das maternidades e hospitais para assegurar que mãe e filho não sejam infectados.

Uma das recomendações é não marcar cesarianas ou tentar induzir o parto para evitar que mãe e filho fiquem muito tempo internados no hospital. Indicações de cesariana devem ser analisadas caso a caso, mas os profissionais de saúde devem incentivar o parto normal, que tem menor chance de contaminação.

Pós-parto e amamentação

É no puerpério (pós-parto) que a mulher sofre intensas modificações em um curto período de tempo, o que aumenta a segurança das mamães. O que os especialistas recomendam é que os mesmos cuidados que as famílias têm nas unidades de saúde devem ser estendidos ao ambiente da casa, após a alta hospitalar.

Distanciamento social, cuidados gerais de higiene, uso de artifícios como vídeos, fotos, lives devem ser usados como forma de manter o isolamento, especialmente nos primeiros meses de vida do bebê.

Quanto à amamentação, mesmo com diagnóstico de Covid-19 (no caso da mãe), os benefícios do leite materno superam quaisquer riscos de transmissão do coronavírus. No caso da mãe diagnosticada com o Covid-19, os protocolos de usar máscara, lavar as mãos e higienizar as mamas devem ser mantidos durante toda a fase da amamentação.

Como se vê, em tempos de pandemia é possível engravidar, dar à luz e amamentar, desde que sejam seguidos todos os protocolos de segurança preconizados pelos órgãos de saúde. Se você pretende engravidar em breve, boa sorte! Fazendo sua parte, tudo dará certo!

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